15 de março de 2009

Revista Época:Entrevista - Julia Roberts - “Depois dos 40, usamos a vida no rosto”


Depois de oito anos, a atriz estrela um filme de novo. Mas ela mudou. E o cinema também

A atriz fala sobre a maternidade, a crise econômica e a moda do Botox em Hollywood

QUEM É Tem 41 anos e é casada com Danny Moder, com quem teve um casal de gêmeos em 2004. Deu à luz um terceiro filho há nove meses

GRANDES FILMES Uma linda mulher (1990), Um lugar chamado Notting Hill (1999)

PRÊMIO Oscar de melhor atriz por Erin Brockovich (2000)



ÉPOCA – Você diminuiu muito o ritmo da carreira depois de ter filhos. O que a fez voltar ao papel de protagonista depois de quase uma década?

Julia Roberts – Além do excelente roteiro, o diretor me fez sentir muito querida, importante. A produção do filme nunca deixou transparecer que eu estava, por vezes, desacelerando o ritmo deles ao ter de pedir um intervalo para amamentar meu filho caçula. Até os ensaios foram marcados num local a um quarteirão de meu apartamento, para que eu visitasse meus filhos periodicamente. Várias amigas minhas reclamam de como é difícil conciliar a maternidade com a vida profissional. É difícil para as mães de crianças pequenas se concentrar no trabalho. Foi um privílégio ser tratada assim.

ÉPOCA – A revista Newsweek fez uma teoria interessante sobre sua carreira. Segundo a publicação, quando seu cabelo está longo e solto em um filme, ele faz sucesso. Quando está de cabelo curto, o filme é sério e medíocre. O que tem a dizer sobre isso?

Julia – Ufa! Estou com sorte, pois apareço de cabelos soltos em Duplicidade! Interessante essa afirmação da Newsweek. O mundo está enfrentando sérios problemas, estamos no meio de uma brutal recessão econômica e é sobre esse tipo de coisas que eles estão escrevendo? Meu próximo filme deverá ser o maior fracasso então. Vou interpetrar a escritora Elizabeth Gilbert, na adaptação de Comer, rezar, amar (fenômeno editorial em vários países) e aparecerei de cabelo curto!

ÉPOCA – Como sente os efeitos da recessão econômica?

Julia – Sou uma pessoa simples. Não saio por aí comprando sem necessidade, a não ser em ocasiões óbvias como aniversários e festas de fim de ano. Como alguém que faz compras de supermercado para uma casa de cinco pessoas, é claro que notei que o valor de nossa conta subiu. São tempos difíceis. Mas a história sempre nos mostrou que esses tempos são cíclicos. A gente passa por fases de apuros econômicos e aprendemos a nos ajustar a elas.

ÉPOCA – Com seis semanas no poder e já passada a excitação inicial da posse do presidente Barack Obama, como vê seu governo?

Julia – É a primeira vez em minha vida que experimento um período no qual todo mundo é fã de nosso presidente. As pessoas o colocam no pedestal. Estava na Índia no dia da posse, acompanhando meu marido, que filmava próximo ao Taj Mahal, e foi uma experiência bárbara. É um grande sentimento de otimismo dirigido para uma só pessoa. Acho que isso ajuda. Nem vemos mais piadas sobre o nosso presidente atualmente.

ÉPOCA – Você exibe uma forma física invejável em Duplicidade. Que tipo de cuidados toma com o corpo?

Julia – Fiz o filme com a forma física que apresentava naquele momento. O período de amamentação tem suas vantagens! Faço ioga e tento me cuidar, mas não é minha principal preocupação. Não acho que é por causa de minha aparência física que os diretores me contratam. Sou boa de garfo, fã de todos os grupos de alimentos.

ÉPOCA – Você sempre reclamou de fazer cenas de sexo em filmes. O que há de errado com elas?

Julia – Elas são sempre esquisitas e idiotas de fazer. Quando você tem de fazê-las com um ator que já conhece, como é o caso de Clive Owen em Duplicidade, tudo fica mais fácil, pois você pode dizer, sem cerimônias, algo do tipo: “Ei, chupa aí uma bala de menta, porque esse sanduíche que você comeu deixou um hálito forte”.

ÉPOCA – As atrizes estão cada vez mais obcecadas por Botox e outras técnicas de eliminar rugas. Algumas exageram e ficam com o rosto alterado. O que acha disso?

Julia – A quem você se refere?

ÉPOCA – Preciso dar nomes?

Julia – Claro, vamos tornar essa discussão mais interessante.

ÉPOCA – De Meg Ryan a Faye Dunaway. A lista é imensa.

Julia – Bem, eu acho que cada um faz o que achar melhor. Mas uma atriz extremamente inteligente como era Marlene Dietrich, uma vez disse: “Até os 40 anos, usamos o rosto pela vida; após os 40, usamos a vida no rosto”. Que bela frase. Já passei dos 40 e estou bem. Tenho ótimos genes (risos).

ÉPOCA – Você já declarou que é fã de O alquimista, de Paulo Coelho. Leu seus últimos livros?
Julia – Com três filhos em casa, não consigo me lembrar da última vez que abri um livro que não continha figuras de bichinhos ou de paisagens (risos).

Revista: Época

Um comentário:

j£nNy... disse...
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